domingo, 11 de janeiro de 2015

ZÉLIO FERNANDINO DE MORAES



Escrever sobre Umbanda sem citarmos Zélio Fernandino de Moraes é praticamente impossível. Ele, assim como Allan Kardec, foram os intermediários escolhidos pelos espíritos para divulgar a religião aos homens. 
Zélio Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo - Rio de Janeiro. Aos dezessete anos quando estava se preparando para servir as Forças Armadas através da Marinha aconteceu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. A princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou ao seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse possuído pelo demônio. Procuraram então também um padre da família que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado. 
Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei curado”. 
No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade.

O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita. No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado a Federação Espírita de Niterói. Chegando à Federação e convidados por José de Souza, dirigentes daquela Instituição sentaram-se a mesa. Logo em seguida, contrariando as normas do culto realizado, Zélio levantou-se e disse que ali faltava uma flor. Foi até o jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho. Tendo-se iniciado uma estranha confusão no local ele incorporou um espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e pretos velhos. Advertidos pelo dirigente do trabalho a entidade incorporada no rapaz perguntou: 
 “- Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?” 
Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou:
 “- Porque o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?” 
Ele responde:
 “- Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim."

O vidente ainda pergunta: 
 “- Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?” 
Novamente ele responde:
 “-Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei.” 
Depois de algum tempo todos ficaram sabendo que o jesuíta que o médium verificou pelos resquícios de sua veste no espírito, em sua última encarnação foi o Padre Gabriel Malagrida.
No dia 16 de novembro de 1908, na Rua Floriano Peixoto, 30 – Neves – São Gonçalo – RJ, aproximando-se das 20h00min horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente as 20h00min horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas desceu e usando as seguintes palavras iniciou o culto: 
 “-Aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A pratica da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como mestre supremo Cristo”. 
Após estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto e com sessões diárias das 20:00 às 22:00 horas, determinou que os participantes deveriam estar vestidos de branco e o atendimento a todos seria gratuito. Disse também que estava nascendo uma nova religião e que chamaria Umbanda. 
O grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguintes palavras:

"- Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem nas horas de aflição, todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.” 
Ainda respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam em latim e alemão.
O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que havia neste local, praticando suas curas. 
Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:
"- Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá",
Após insistência dos presentes fala:
"- Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo".
Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde: 
 “- Minha caximba.,nêgo que o pito que deixou no toco. Manda mureque buscá".
Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio”. 
No outro dia formou-se verdadeira romaria em frente a casa da família Moraes. Cegos, paralíticos e médiuns que eram dados como loucos foram curados.

A partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda. 
Após algum tempo manifestou-se um espírito com o nome de Orixá Malé, este responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia, espírito que, quando em demanda era agitado e sábio destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.
Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebendo ordens do astral fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as seguintes:
Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia;
Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição;
Tenda Espírita Santa Bárbara;
Tenda Espírita São Pedro;
Tenda Espírita Oxalá;
Tenda Espírita São Jorge;
Tenda Espírita São Jerônimo.
As sete linhas que foram ditadas para a formação da Umbanda são: Oxalá, Iemanjá, Ogum, Iansã, Xangô, Oxossi e Exu.
Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das acima mencionadas.
Zélio nunca usou como profissão a mediunidade, sempre trabalhou para sustentar sua família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue. Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele. 
O ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou quaisquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje. 
As guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam.

A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas e do ritual do amaci, isto é, a lavagem de cabeça onde os filhos de Umbanda afinizam a ligação com a vibração dos seus guias. 
Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia, as quais até hoje os dirigem.
Mais tarde junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e aparelho do Caboclo Roxo fundaram a Cabana de Pai Antonio no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeira do Macacú – RJ. Eles dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu. Faleceu aos 84 anos no dia 03 de outubro de 1975.



domingo, 4 de janeiro de 2015

UMBANDA E SUA HISTÓRIA!!!

    Umbanda e sua História!

     A Umbanda teve sua origem há milhares de anos. Sua origem remonta aos tempos da Lemúria. A Lemúria foi um continente que abrangia as Américas e a África, juntas, é claro...
     No continente da Lemúria, em seu centro, onde hoje é o Planalto Central Brasileiro, surgiu ou foi revelada a Umbanda. Essa Umbanda era o CONHECIMENTO INTEGRAL. Era a Religião, a Filosofia, a Ciência e as Artes reunidas em um único bloco de conhecimento. Realmente, os Lêmures eram adiantadíssimos, e receberam a revelação da UMBANDA, a RELIGIÃO-PRIMEVA. Muitos pesquisadores espiritualistas respeitabilíssimos atestam a Tradição da Pura raça Vermelha na Lemúria. Atestam também que na Lemúria tivemos a visita de “extraterrenos”, (Seres Espirituais que deixaram de encarnar em seus planetas originais e iniciaram suas encarnações no planeta Terra. Como exemplo, poderemos citar muitos Seres Espirituais de Marte, Vênus, Júpiter e Saturno. Repetimos, encarnaram como terrenos e não vieram em discos voadores ou outros processos. O processo foi o do encarne comum a todo terráqueo), os quais teriam REVELADO a Umbanda.
     A civilização que sucedeu a Lemuriana foi a Atlante, também citada por conceituados autores espiritualistas. A civilização atlante foi poderosa, mas, por vários motivos, entre eles o orgulho, a vaidade e o egoísmo, foram dizimados. Nesse período negro da civilização atlante, a Umbanda começou a se fragmentar e a se deturpar. Era na época a única Religião-Ciência da humanidade. Ao fragmentar-se, em plena Atlântida, daria origem às religiões, ciências, filosofias e artes de todos os tempos. Era a Umbanda a Religio-Vera, a Primeva Religião que, ao ser deturpada, corrompida e fragmentada, deu origem a todas as religiões. Na verdade, todas as outras religiões surgiram das deturpações da Umbanda, que se iniciou em plena Atlântida.
     Dissemos que tanto na Lemúria como na Atlântida a Umbanda era a RELIGIÃO-UMA, e era ensinada a todos pela Pura raça Vermelha, a primeira raça a habitar o planeta Terra.
     Após dizermos da supremacia da Pura Raça Vermelha, da qual os indígenas brasileiros e mesmo os norte-americanos são seus remanescentes, penetremos no âmago da História da Umbanda até o seu ressurgimento, em pleno Brasil do século XIX, entre os anos de 1888 e 1889.
     Antes de entendermos como a umbanda RESSURGIU no solo em que um dia havia surgido, ou seja, aqui no Brasil, observemos outros povos que, em resquícios, também guardaram Fundamentos sobre a Umbanda, a qual era ensinada a raríssimos iniciados nos Templos de Osíris e Ísis. Toda a Mesopotâmia também conheceu esses fundamentos. Os EGÍPICIOS, os MÉROE, os CALDEUS passaram esse conhecimento, da Umbanda, ao povo de Mídia, os midianistas, que eram negros e tinham como grande líder e patriarca o poderoso Jetro, que viria a ser sogro de Moisés. Por ai já podemos observar como os Nagôs, os Angolanos, os Conguenses, em fragmentos muito deturpados, aprenderam e guardaram, através da tradição oral, os Fundamentos da Umbanda.
     Além da África, esse conhecimento alcançou o Oriente, inclusive Índia, Nepal, China, Manchúria, Mongólia e Tibet. Chegou ao “cume” do Himalaia, alcançando também outros povos.
     Sabemos que um celta europeu, de nome Rama, que há quase 90 séculos foi o primeiro patriarca legislador da Índia, Pérsia (I-Ram) e Egito, também foi conhecedor, em minúcias, desses fundamentos, o qual grafou em seu “Livro Circular Estrelado” ou planisfério astrológico. Assim, esse conhecimento alcançou os quatro cantos do planeta, sendo cada vez mais deturpado e interpolado.
     Os fenícios também possuíram pequenos ou quase nenhum dos Fundamentos de umbanda. Citamos os fenícios, pois os mesmos, em obediência às Leis do Universo, reencarnariam como portugueses e espanhóis. Justamente ambos, tal quais os fenícios, eram exímios navegantes, chegando propositalmente às terras brasileiras. Ao aqui chegarem encontrou remanescentes das poderosas nações Tupy-Nambá e Tupy Guarani. Não demorou muito, no próprio século XVI, e aporta no Brasil o negro africano. Veio como escravo, mas muitos deles, juntamente com alguns indígenas missionários reencarnados, iriam dar o INÍCIO LIBERTACIONISTA a milhões de consciências.
     Reunidos estavam no Brasil em pleno século XVI, indígenas, negros, amarelos e brancos. Embora o negro estivesse no cativeiro, no processo escravagista, muitos africanos eram evoluidíssimos e estava em reencarnações sacrificiais, o mesmo acontecendo aos indígenas e aos brancos.
     Nessa terra (TERRA DA SANTA CRUZ) vibrada pelo “Cruzeiro do Sul”, as Entidades Superiores iriam fazer ressurgir a Umbanda, a priori através do MOVIMENTO UMBANDISTA. Dissemos MOVIMENTO UMBANDISTA, pois os indígenas, africanos e brancos tinham seus rituais, e os mesmos estavam muito distanciados da verdadeira umbanda. Aproveitar-se-ia da miscigenação racial, do sincretismo cultural e, por dentro dessa mistura, far-se-ia ressurgir a Umbanda, através do Movimento Umbandista, que na verdade pretende fazer a sua restauração.
     Na época, os africanos já eram MONOTEÍSTAS, pois acreditavam num só Divindade Suprema, criadora e que estava acima de qualquer outra divindade menor. Denominavam essa Divindade Suprema de LODUMARE entre os Nagôs ou Yourubás e ZAMBY entre os Bantus (Angola, Congo). Acreditavam também em divindades menores as quais denominavam de ORIXÁ. Esse Orixá era um espírito altamente situado perante a Hierarquia Espiritual, sendo-lhe conferido o domínio de certas forças espirituais e naturais. Também tinham os Orixás como espíritos que nunca encarnaram no planeta. Aqueles que encarnavam e desencarnavam eram denominados de EGUNS, e, portanto, diferentes do Orixá. Basicamente, de forma simplificada, era assim a crença dos irmãos africanos.
     Os indígenas brasileiros remanescentes dos Tupy-nambá e Tupy-guarany também eram MONOTEÍSTAS, pois acreditavam em uma só Divindade Suprema, que denomivam TUPÃ. Abaixo de TUPÃ havia outras Entidades ou Divindades menores denominadas ARAXÁS. Tinham atributos naturais e sobrenaturais. Acreditavam no Cristo Cósmico ou Messias, o qual era denominado YURUPARI. Tinham a Cruz como símbolo sagrado exatamente por conhecerem o mito solar, que velava a Tradição do Cristo Cósmico e seu Santo Sacrifício. Chamavam essa cruz, que era sagrada, de CURUÇÁ.
     Os brancos, representados pelo europeu, trouxeram rudimentares noções do cristianismo, através do catolicismo romano. Mas da própria Europa chegou-nos em pleno século XIX, mais precisamente da França, o dito espiritismo ou Kardecismo. Não há de se negar que, em termos filo-religiosos ou mesmo cristãos, é o que de melhor havia da raça branca. Esse Kardecismo pregava a imortalidade da alma, as sucessivas vidas (reencarnações), a pluralidade dos mundos, a Lei de ação e reação e aplicação, em sua alta pureza, dos conceitos crísticos.
     Bem, do século XVI ao século XIX, tivemos muitas e muitas facetas desses três cultos miscigenados, mas que para futuro seriam um culto reorganizador e eixo direcional para a Confraternização Universal. A situação no século XIX, entre os anos de 1888 e 1889, em que fervilhavam as mudanças sociais, políticas, culturais, foi o momento propício para o Plano astral Superior imprimir uma mudança aos ditos cultos miscigenados, pois era inevitável e extremamente oportuno. Assim é que os ditos cultos miscigenados, ou também denominados cultos afro-brasileiros, começaram a sofrer o saneamento, a ponto de, em muitos locais, mormente Rio de Janeiro e São Paulo, já haver a manifestação de índios (caboclos) e negros africanos (preto-velhos). Essas pontas de lança foram comandadas pelo Caboclo Curugussú (Grito do Guardião), poderoso emissário da Raça Vermelha que, toda vez que “baixava”, juntamente com sua grande falange, dizia ter vindo trazer a Umbanda. Preparam o terreno, pois em 1908, nove anos após a proclamação da República, nos dias 15 e 16 de novembro do mesmo ano, uma Entidade Espiritual mediuniza um menino-moço de dezessete anos, chamado Zélio Fernadino de Moraes. A Entidade, que no dia 15 de novembro baixara em uma mesa kardecista e fora repelida, disse que no dia 16 baixaria na casa de seu aparelho, e nesse local não haveria nenhuma forma de discriminação, onde pobres, ricos, negros, brancos e bugres caboclos podiam baixar, e esse ritual se chamaria Umbanda. E assim foi feito. Perguntado o nome a essa possante Entidade, ela diz que, se necessário fosse dar um nome, esse seria CABOCLO DAS sete ENCRUZILHADAS, pois para ele não haveria caminhos fechados. Esse fato, ocorrido nos dias 15 e 16 de novembro, aconteceu no Rio de Janeiro.
     Esse marco do CABOCLO DAS sete ENCRUZILHADAS foi importantíssimo, e é bom que se frise que nas suas sessões nunca houve rituais com matanças de animais e nem os toques com os atabaques. A vestimenta era toda branca, os pés descalços e o próprio Zélio de Moraes, pedido do Caboclo Senhor Sete Encruzilhadas, usava apenas uma guia ou colar ritualístico. Pela sua humildade, modéstia e dedicação às coisas da Umbanda, Zélio foi um médium portentoso, que realmente trabalhava em favor dos necessitados do corpo da alma. A ligação mediúnica que tinha com o Caboclo Senhor Sete Encruzilhadas era ímpar. Realmente, era um médium de fato e de direito, com “ordens e direitos e trabalho”. O Caboclo Senhor Sete Encruzilhadas, em sua tarefa, foi complementado por mais duas portentosas Entidade, o Caboclo Orixá Male e o sapientíssimo Pai Antônio.
     Embora tendo feito vários núcleos, nenhum segui-lhe ou segue-lhe o modelo, à exceção de suas duas abnegadas filhas, Zilméia e Zélia.

     Nosso registro deliberadamente avança no tempo, e chegamos ao ano de 1956, de novo no Rio de Janeiro. Após 49 anos do advento do Caboclo Sete Encruzilhadas, o Sr. W.W. d Matta e Silva escreve um livro que viria revolucionar os conceitos de nossa Umbanda. É então lançado “UMBANDA DE TODOS NÓS”. Nesse livro, temos os primeiros ensaios de como seria a Umbanda do futuro, embora seja hoje vivente em alguns raríssimos terreiros. Mestre Matta & Silva – sim, era um Mestre, e nenhum vimos iguais – trouxe-nos conceitos inéditos sobre a Umbanda, aquela Umbanda praticada há centenas de milhares de anos na Lemúria e mesmo na Atlântida. Após essa obra, UMBANDA DE TODOS NÓS, escreveu mais oito portentosos trabalhos, que sem dúvida são marcos para o Movimento Umbandista. Foi também Mestre Matta e Silva um homem simples, humilde, que dedicou sua vida toda à Umbanda. Humilde professor devotou mais de 50 anos ao mediunismo, vindo a desencarnar em plena paz, em Itacurussá, a 17 de abril de 1988. Assim como Zélio, Mestre Matta foi um vitorioso. Voltou ao astral superior com a certeza de ter cumprido sua nobre e duríssima tarefa.

domingo, 28 de dezembro de 2014

UMBANDA ESOTÉRICA

UMBANDA ESOTÉRICA
SURGIMENTO DA UMBANDA

(Segundo a Umbanda Esotérica)

“Para melhor entendermos a Umbanda Esotérica se faz necessário tratarmos primeiramente sobre sua teoria do povoamento do planeta”.
Nos primórdios da Era Terciária do Cenozóico, em pleno Planalto Central Brasileiro, em meio a primatas e antropóides, surge à primeira humanidade, a Raça Vermelha,... Também conhecida por Tronco Tupy. Essa primeira raça, considerada um verdadeiro laboratório genético, foi chamada de Raça Pré Adâmica (1). (TRINDADE, 1994),
Na raça vermelha a Iniciação nos Mistérios ou Conhecimentos compreendia dois níveis, subdivididos em 7 graus. Do 1º ao 5º grau tínhamos os Mistérios ou Conhecimentos Menores e do 6º ao 7º tínhamos os Mistérios ou Conhecimentos Maiores. Os Iniciados nos Conhecimentos Maiores eram chamados de Tubaguaçus, condutores da Raça Vermelha.
Cabe ressaltar "que o próprio planeta, na época, era uno em seus aspectos geofísicos". (RIVAS NETO, 1999, Pág. 44) Ainda não havia ocorrido a cisão entre os continentes que então formavam um bloco único.
A forma humana mais aperfeiçoada ocorre na raça subseqüente, a Raça Adâmica. Nessa raça, juntamente com os "Filhos da terra", começam a encarnar os "Estrangeiros", provenientes de planetas da própria galáxia.
Os Espíritos Estrangeiros eram mais evoluídos e por isso ensinaram muitas coisas às tribos primitivas onde encarnaram, como a Língua Boa, polissilábica e eufônica, que obedecia a um metro sonoro divino, base de todas as línguas que seriam faladas na terra. Esta língua era chamada de Abanheenga.
Embora surgissem em território onde hoje fica o Brasil, essas raças migraram, para as demais regiões do globo.
Após a raça Adâmica surge a Terceira Raça raiz, a Raça Lemuriana (2) , também considerada de grande evolução moral. Cultuavam um Deus Único denominado TUPAN, e eram conhecedores do Mistério Solar, do Messias - O Cristo Cósmico. Nessa raça também ocorre à conscientização e aplicação das leis divinas chamadas naquele tempo de AUMBANDAN - O Conjunto das Leis Divinas.
 “A Raça Lemuriana dá lugar a Raça Atlante". (TRINDADE, 1994, Pág. 46) Com isto queremos dizer que esta teria tido um fim por motivos geológicos, passando a Raça Atlante a ser a raça predominante em número e em avanço no planeta. Porém alguns remanescentes lemurianos sobreviveram ao fim de seu continente, migrando para a África, Oceania e sul da Índia.
No final da raça Atlante a dinâmica reencarnatória dos Iniciados nos Mistérios Menores e do Tubaguaçus diminui vertiginosamente. Isso, somado ao fato de que começa haver a reencarnação de seres de baixa estirpe, que cultivavam desejos mesquinhos, tais como a vaidade, o egoísmo, a inveja e, principalmente, a prática de Magia Negra (3) , fez com que o padrão moral-vibratório decaísse, chegando a quase zero. Houve grandes guerras, levando ódio e sangue a lugares antes considerados sagrados. Devido a estes fatos, a Terra reage, tentando expulsar seus "marginais". Ocorrem grandes catástrofes, continentes inteiros afundam no mar enquanto outros surgem, ocorrem às cisões geológicas separando continentes, tal qual ocorre com os ideais dos homens, antes unidos e "agora" distanciados uns dos outros.
Antes de deixarem de reencarnar, o Tubaguaçus, prevendo a inversão dos valores morais e espirituais sentiram necessidade de ocultarem a Tradição do Saber, o Aumbandan, guardando-os em seus Grandes Templos Iniciáticos. Cunharam 78 placas de nefrita em alfabeto Abanheenga, as quais foram enterradas em território onde hoje fica o Brasil. Posteriormente os egípcios grafariam 78 placas de ouro contendo, de forma velada, a Tradição do Saber, embora esta Tradição já não tivesse mais a sua pureza primitiva. Esses conhecimentos velados receberam, então, o nome de Tarot e Kabalah, sendo desdobrada em duas formas (57 Arcanos Menores e 21 Arcanos Maiores) que, posteriormente Moisés transformaria em 56 Arcanos Menores e 22 Arcanos Maiores, supostamente porque seu alfabeto, o Hebraico, tinha 22 letras.
Voltando aos tempos de Atlântica, em meio à decadência em que esta se encontrava, houve a cisão do Tronco Tupy. Os remanescentes deste Tronco foram os Tupinambás e os tupis-guaranis. Os tupis-guaranis adulteraram a Tradição, deturpando-a e tornando-a cada vez mais distante de sua pureza original, enquanto que os Tupinambás a conservaram, dando lhe o nome de Tuyabaé-Cuaá. Os Tupinambás vieram a se instalar nas regiões sudeste e sul do Brasil, enquanto que os tupis-guaranis se instalaram nas demais regiões da América e posteriormente migraram para outras regiões. Essas migrações se deram, principalmente, pelo processo reencarnatório.
Os tupis-guaranis, apesar de terem deturpado completamente a Tradição Oculta, ainda apresentavam grande superioridade, levando evolução aos locais em que reencarnavam. Em suas migrações, atingiram o oriente, chegando à China, Tibete, Índia, influenciando o desenvolvimento dessas civilizações e também sendo influenciados por elas.
Essa miscigenação fez com que os tupis-guaranis pervertessem ainda mais a Tradição do Saber, o que levou os Tupinambás a reencarnarem no seio da África, entre os egípcios, que também eram remanescentes dos Atlantes, e lá se tornarem sacerdotes de Osíris e Ísis, influenciando toda a África, principalmente o povo Banto, que depois retornaria ao Brasil pelo processo escravagista. Foi através dos Tupinambás que foram grafadas as 78 placas de ouro no Egito, conforme já relatado.

 ”As reencarnações dos Tupinambás no Egito e também na Índia permitiram a fusão com os tupis-guaranis, que chegam a esses locais já recuperados e reintegrados a Lei”. 

Os povos africanos, assim como os índios brasileiros, são herdeiros da Tradição do Saber, o Aumbandan, mas, quando se dá o descobrimento do Brasil, as crenças destes povos já se achavam, novamente, deturpadas, permanecendo pouco do Conhecimento Oculto original.
Segundo a interpretação da Umbanda Esotérica, os portugueses, seguindo desígnios divinos, aqui aportaram para, sem o saber, unir novamente todas as raças, pois foi aqui que surgiu, pela primeira vez na terra, o Aumbandan. Utilizando-se dos poucos conceitos da Tradição que ainda havia entre os negros, brancos e índios e que ainda não haviam sido completamente deturpados, os Espíritos responsáveis pela restauração do Aumbandan foram, através de médiuns, alicerçando as bases do Movimento Umbandista, que numa primeira fase, visa abarcar o maior número de pessoas, no menor espaço de tempo possível, não selecionando valores.
Eis então que a Umbanda surge, não sendo o próprio Aumbandan, mas sim um movimento de restauração deste, e que busca evoluir até atingir esta meta. “Daí se explica o inicial sincretismo religioso, o posterior surgimento do culto de Umbanda Popular e em seguida o surgimento da Umbanda Esotérica que busca se aproximar, mais diretamente, da religião primitiva, da Tradição do Saber.”


domingo, 21 de dezembro de 2014

UMBANDA KARDECISTA

Umbanda Kardecista 

        




Na Umbanda Kardecista ou linha branca de Umbanda, os adeptos se limitam a doutrinar espíritos que se encontram perturbando alguém. Para isto, ocupam o médium como receptáculo do sofredor, para este orientado e guiado no caminho da luz.

Os Guia-Caboclos, velhos e crianças se encarregam das consultas, passes, receitas de banhos de ervas etc., e dão conselhos, fazem palestras para os médiuns e para o publico baseados no livro dos médiuns, no livro dos espíritos e outros de origem kardecista. Mas veneram os Orixás, cultuam altares e imagens de origem católica e fazem grandes reuniões na praia, na mata, na cachoeira e ate em estádios de futebol (para fins políticos).
Em resumo:
Os adeptos da Umbanda Mística crêem e aguardam o milagre;
Os adeptos da Umbanda Esotérica estudam e procuram as forças mágicas para resolverem as questões de ordem material e espiritual;
Os adeptos da Umbanda Kardecista se limitam ao mundo espiritual, fazendo passes e doutrinando espíritos segundo os preceitos de kardec, para ganharem a luz espiritual e melhorarem seu carma em futuras encarnações.
Além disso, há os adeptos que misturam a Umbanda Mística, a Esotérica e a Kardecista.

domingo, 14 de dezembro de 2014

UMBANDA POPULAR





UMBANDA POPULAR
SURGIMENTO DA UMBANDA
(História Popularmente Conhecida)

.........”“... No que se refere aos índios, sabemos que os portugueses quando chegaram ao Brasil encontraram uma grande multidão de nativos, depararam com uma das faces da alteridade. Estranhos aos olhos da Europa, da cor da pele às práticas rituais e dos costumes e dialetos ao panteão de deuses e espíritos, os índios encarnaram o demoníaco para a maior parte dos colonizadores. O demônio impregnado à pele dos índios e presente nos seus cultos tende a compor o imaginário do conquistador. Isso justifica a violência de um verdadeiro processo pedagógico que se expressa através do domínio e do genocídio de tribos indígenas. Um processo de extermínio de tribos, de nações indígenas inteiras, estava em marcha. Nessa época a Igreja Católica já sofria com as perdas de seus fiéis para as fileiras do protestantismo, e era alvo de críticas que denunciavam seus desvirtuamentos. Nesse contexto, converter, amansar os índios representava, também, uma forma de assegurar a influência das várias ordens religiosas na América. A igreja e a coroa dos colonizadores, a cruz e a espada, estavam mais interessadas nas riquezas das terras dos índios do que na salvação de suas almas. Seres de alma incerta, os índios se cristianizados, poderiam respeitar a autoridade sacralizada dos conquistadores europeus. O herético, o demoníaco marca o corpo e a alma dos gentios, dos não cristianizados na fé romana.
Hoje em dia pouco se conhece das crenças, dos rituais indígenas, quer porque muitas das nações sofreram o extermínio no primeiro momento da colonização, quer porque o ato civilizatório deixou marcas profundas na cultura dos sobreviventes. A natureza deificada constituía o eixo de toda a religiosidade dos grupos tribais.
 O pajé e o feiticeiro ou xamã eram os que tinham acesso ao mundo dos mortos e dos espíritos das florestas, e geralmente a eles competia realizar os rituais de cura de doenças, expulsar maus espíritos que se alojavam nos corpos das pessoas e a missão de desfazer feitiços mandados pelos inimigos. A ingestão de alimentos e bebidas fermentadas em muitos grupos tinha uma função ritual... O uso de instrumentos mágicos, chocalhos (maracás) e adornos feitos com penas de aves, eram indispensáveis para o cerimonial do pajé. A fumaça derivada da queima do fumo também assumia um papel ritualístico importante 
O índio cristianizado não abandona, porém integralmente suas crenças, seus rituais. Um processo de mestiçagem ganha dimensões de resistência, de sobrevivência possível dentro do contexto da colônia e do império. As divindades dos pagãos são associadas às santidades católicas. Divindades do cristianismo romano ganham traços das culturas tribais. "Os índios amansam os brancos", nos dizeres de José de Souza Martins.
No século XVII outras caras do diverso chegam aos portos brasileiros. Uma gente negra, alteridade a flor da pele, que afronta a barbárie da civilização moderna, européia, branca, masculina.
Dentre as tribos africanas de maior expressividade trazidas para o Brasil escravista destacam-se: os sudaneses que vieram da África Ocidental, dos territórios que compõem hoje a Nigéria, Benin e Togo. Estes povos aportaram principalmente na Bahia e em Pernambuco. São os povos jejes, nagôs, fanti-achantis, haussás, tapas, peuls, fulas e mandingas. Com exceção dos jejes, nagôs e fanti-achantis, os demais povos eram islamizados. Outro grupo, que exerceu grande influência na cultura brasileira é o povo banto. Eles vieram de regiões africanas, hoje Angola, Congo e Moçambique. Os bantos de maior destaque são os angolas, caçanjes e bengalas. Estes grupos espalharam-se por toda a região litorânea e pelo interior de Minas Gerais e Goiás.
A catequização de negros e índios foi uma das faces do sistema de diciplinamento próprio da escravidão. É todo um processo pedagógico que tem por cerne a resignação aos maus tratos, às humilhações. O uso de sistemas analógicos tinha por escopo criar um imaginário que identifica o sofrimento do escravo com o sofrimento de Cristo. A resignação e a obediência compõem o ideário da remissão dos pecados, da ascensão aos céus. Os negros ao serem batizados recebiam nomes católicos, em geral nomes bíblicos. Com esse passaporte, espécies de salvo-conduto, tinham direito a freqüentar missa, casar na igreja, mesmo sendo em lugares reservados, descriminados. São territórios símbolos do aparteit, do confinamento, de andanças do impuro, do podre dos humanos/inumanos. Assim como os indígenas, os negros recobrem suas divindades de epiderme branca, vestem de santo as Entidades negras. Os rituais afros são embalados pela monotonia das orações da Santa Madre Igreja.
No Brasil a magia da religiosidade afro sofria a repressão dos representantes da fé instituída, embora em outros momentos era objeto da benevolência das irmandades religiosas. Danças e batuques, misto de temor e encantamento, tinham uma tolerância homeopática. No plano da discussão oficiosa, eram consideradas como homenagem aos santos católicos em dialeto tribal. Havia também a justificativa, por trás dessa tolerância, de que, enquanto os escravos mantivessem vivas as suas tradições, manteriam também as rivalidades entre escravos vindos de nações inimigas na África, o que dificultaria a organização de rebeliões. Prova disso é que alguns negros eram utilizados como capitães-do-campo, como no caso dos mandingas que, sendo islâmicos se julgavam superiores aos demais povos politeístas.
Entretanto, a maioria das religiões trazida pelos escravos tinha aspectos mágicos, o que não era tolerado pela Igreja Católica. A religiosidade dos negros consistia na crença de que divindades incorporavam em seus filhos, os homens. Os sacerdotes, fazendo uso de ervas, amuletos, sacrifícios de animais e invocações secretas, podiam entrar em contato com os deuses, fazer curas, conhecer o futuro e mudar o destino das pessoas. Essas práticas eram associadas, no imaginário dos padres, a cultos demoníacos.
 Contudo, com o crescimento das cidades e o aumento do número de negros libertos, mulatos e escravos urbanos (que nelas circulavam com maior liberdade e autonomia em relação aos escravos das fazendas), as manifestações religiosas encontraram melhores condições para se desenvolverem As moradias dessa população... Tornaram-se ponto de encontro e de culto, relativamente resguardados da repressão policial. 
Com o declínio do poder dos Tribunais da Inquisição e por influências das idéias da Revolução Francesa, a Igreja deixa de persegui-los e após a Independência do Brasil, a constituição de 1824 garantiu liberdade de culto desde que não ostentasse símbolos nas fachadas, atitude esta que visava favorecer principalmente estrangeiros não católicos.
Essa miscigenação de crenças indígenas, africanas e católicas, deu origem a diversas formas de cultos mestiços que se espalharam por todo o país, praticados geralmente pelos grupos sociais mais pobres e excluídos da sociedade brasileira. Em outro momento histórico, vindo da Europa, surge outra visão sobre a vida e a morte, que muito contribuirá para a formação da Umbanda nos moldes popularmente conhecidos hoje: o Kardecismo.
O Espiritismo Kardecista surgiu na França em meados do século XIX, através Allan Kardec, (pseudônimo de Léon Hippolyte Denizart Rivail) cientista que buscava sustentar esta doutrina em bases científicas e filosóficas segundo seu ideário, atribuindo esta mesma doutrina aos espíritos de pessoas desencarnadas.
Kardec buscou aplicar seu raciocínio científico as questões espirituais, aos fenômenos considerados mágicos, contrapondo-se aos objetos de estudo dos cientistas de sua época e ainda dos atuais.
Para o antropólogo James Frazer, a magia está na origem da ciência moderna, porém, o antropólogo Lévi-Strauss se recusa a reduzir a magia a uma forma rudimentar de ciência.
 Para ele [Lévi-Strauss], magia e ciência não são tipos de pensamentos que se opõem, nem a primeira é um esboço da segunda. São dois sistemas de pensamentos articulados e independentes, semelhantes quanto ao tipo de operações mentais que exigem, mas diferentes quanto ao tipo de fenômenos a que se aplicam. 
Porém, Kardec, contrariando o que mais tarde diria Lévi-Strauss, tenta trazer à lógica científica a análise de fenômenos, até então, só especulados nos meios ditos mágicos.
Podemos relacionar as principais teorias defendidas por Allan Kardec da seguinte forma:

· “Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos”.
· O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.
· O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.
· Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material, perecível cuja destruição pela morte lhe restitui a liberdade.
· A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.
· Há no homem três coisas: 1º, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo, e 3º, o laço que prende a alma ao corpo, "princípio intermediário entre a matéria e o Espírito".
· Têm assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.
· O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de invólucro semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.
· O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.
· Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho etc. Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A malícia e as inconseqüências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos estúrdios e levianos.
· Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral.
· Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Espírito errante.
· Tendo o Espírito passado por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos tido muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na terra, quer em outros mundos.
· As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.
· Na sua volta ao mundo dos Espíritos, a alma encontra todos aqueles que conheceram na Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e todo mal que fez.
· O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria, o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal.
· Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do universo.
· Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita, estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.
· Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo.
· As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal; é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles.
· As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meia da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumento.
· Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que a compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. “Longe de se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro”. (KARDEC, 1977, Introdução - Parte IV)
Segundo essa leitura, Deus é único, onipotente, onisciente e onipresente e utiliza seus filhos mais elevados, os Espíritos perfeitos ou que estão mais próximos da perfeição, para levar os seus desígnios aos filhos menos elevados. Os Espíritos elevados também podem realizar curas e orientar os consulentes em suas decisões, através de médiuns, indicando-lhes o melhor a fazer.
O Espiritismo Kardecista também acredita auxiliar, através de esclarecimentos e doutrinações evangélicas, os espíritos sofredores, pessoas que durante sua encarnação não se pautaram pelas boas ações e que, no mundo espiritual, sofrem os efeitos de seus atos através de expiações diversas. É possível doutrinar, amansar os espíritos perversos, que praticam a maldade mesmo depois da morte do "corpo físico", através de más influências sobre os que ainda estão encarnados.
Essa leitura sobre as questões fundamentais da humanidade teve pouca aceitação na Europa. Já no Brasil foi mais aceita logo depois de seu surgimento, por pessoas das categorias médias da população. A partir de certo momento passará servir de mediador para a constituição da Umbanda
Segundo algumas interpretações (1), alguns espíritos que costumavam manifestar-se em cultos afros começaram então a aparecer em sessões kardecistas, ocorrendo também o inverso. Para ilustrar como se dá este fato, vejamos a história de um dos mais conhecidos terreiros de Umbanda do Rio de Janeiro, o Centro Espírita Nossa Senhora da Piedade.
Fundado em meados da década de 1920 em Niterói, posteriormente se transferindo para o Rio de Janeiro onde se localiza até hoje, teve como principal fundador Zélio de Moraes, que juntamente com um grupo de Kardecistas insatisfeitos.
 [...] empreenderam visitas a diversos centros de "macumba" localizados nas favelas aos arredores do Rio e de Niterói. Eles passaram a preferir os espíritos e divindades africanas e indígenas presentes na "macumba", considerando-os mais competentes do que os altamente evoluídos espíritos kardecistas na cura e no tratamento de uma gama muito ampla de doenças e outros problemas. Eles achavam os rituais de "macumba" muito mais estimulantes e dramáticos do que os do kardecismo, que comparados aos primeiros lhes pareciam estáticos e insípidos 
Por outro lado consideravam bárbaros na macumba os sacrifícios de animais, as bebedeiras, a presença de espíritos diabólicos e a exploração econômica dos clientes.
Centros de Umbanda, como o Nossa Senhora da Piedade, preservaram a concepção kardecista do carma (lei de ação e reação) e da evolução espiritual. No entanto, deram ênfase a espíritos africanos e indígenas, representados principalmente pelos ditos preto-velhos e caboclos, considerados pelos kardecistas da época como atrasados. Em relação às bebidas alcoólicas, fumo e pólvora, quando se fazia necessário o seu uso, explicavam-os cientificamente segundo o discurso racional dos kardecistas.
 No caso da bebida alcoólica, seu uso era justificado argumentando-se que esta tinha uma ação e vibração anestésica e fluídica devido a sua evaporação, o que propiciava as descargas (limpeza) das pessoas ou objetos impregnados de fluidos pesados ou negativos. No caso da fumaça do fumo ou dos incensos, explica-se que, sendo esta um gás, poderia destruir um fluido mau ou nocivo presente num ambiente, substituindo-o por outro fluido, bom e favorável. A explosão da pólvora, por sua vez, ao propiciar a deslocação de ar, atingia os espíritos perturbadores, que então se afastavam 
É importante ressaltar que estas explicações não se estendem a todos os Terreiros, visto não haver uniformidade de culto na Umbanda, uma vez que, de acordo com as origens e número de africanos, de indígenas e de brancos em cada região do país, encontraremos uma ampla variação de cultos mistos como: Batuque, Xangô, Tambor de Mina, Cabula, Candomblé, Candomblé de Angola, Candomblé de Caboclo, Macumba, Catimbó, Pajelança, Mesa de Cura, etc. Após as giras de Umbanda ficarem famosas e visivelmente melhor aceitas pela população em geral do que os demais cultos afro-brasileiros, muitos praticantes destes cultos passaram a usar a denominação de Umbandistas e seus locais de culto passaram a ser chamados de Terreiros de Umbanda. Porém, este processo de adesão ao título de Umbandista nem sempre foi acompanhado pela adesão às práticas, mesmo porque não existe uma definição comum de onde estas começam e onde terminam. É provável que a Umbanda não se tenha formado a partir de um único terreiro irradiador, o que fez com que cada novo "terreiro" criasse um culto a sua maneira, embora, em suas bases, fossem semelhantes.
Entre a diversidade de formas de cultos que, então, vinham surgindo na Umbanda, encontramos um novo segmento, praticado por pouquíssimos terreiros, que trata a Umbanda como magia universal (2) e apresenta a sua origem como uma religião mais antiga que os próprios cultos africanos, nascida nos lendários continentes perdidos da Atlântica e da Lemúria; a Umbanda Esotérica."


domingo, 7 de dezembro de 2014

DOGMAS DO AUMBHANDAM




Dogmas do Aumbhandan


1º Postulado: Diz respeito a Deus-Uno.
Cremos na eterna existência do Deus-Uno, como o Supremo Espírito de absoluta perfeição, incriado e indivisível. Sendo o único Ser de suprema consciência operante, porque tudo sabe, domina e dirige: a eternidade do tempo, o espaço cósmico, a substância etérica (a energia, a matéria etc.), a nós mesmos (espíritos encarnados e desencarnados) e a razão real do "ser ou não ser" dos princípios, causas e efeitos.

2º Postulado:Diz respeito à origem e criação dos Espíritos.
Cremos que os Seres Espirituais, encarnados e desencarnados, quer no planeta Terra ou em qualquer sistema planetário do Universo Astral, são de natureza vibratória não estando sujeitos a nenhuma espécie de associação ou desassociação e habitam o espaço cósmico.
Cremos que os espíritos são incriados, porque a origem da natureza vibratória de cada um se perde no infinito dos tempos. Somente quem sabe a razão de sua real origem é Deus-Uno.
Cremos que os espíritos têm como potência intrínseca atributos essenciais como consciência, inteligência, volição, sentimentos, etc. Assim, os espíritos se revelam e expandem de forma independente, por suas afinidades virginais e livre-arbítrio. Em suma, são igualmente únicos e sujeitos de aperfeiçoamento moral.
Observação: Entendemos como livre-arbítrio a percepção consciente, próprio do Espírito, no qual pode expandir suas afinidades virginais, ou as vibrações volitivas de sua natureza.

3º Postulado: Diz respeito à Matéria.
Cremos que existe uma substância etérica, invisível, impalpável, própria do Universo Astral, como básica, fundamental, fonte geradora das transformações e condensações incalculáveis. Essa substância é pré-existente, co-eterna do Espaço Cósmico, pois existe dentro dele. Sua origem real é domínio absoluto de Deus-Uno.
Cremos, portanto, que Deus-Pai dinamizou a substância etérica, coordenando sua lei natural e moto próprio a fim de que ela produzisse os elementos essenciais a formação da matéria cósmica indiferenciada formadora dos mundos.

4º Postulado: Diz respeito ao Espaço Cósmico.
Cremos que o chamado Espaço Cósmico é o todo, que para nossa compreensão, dividi-se em duas partes: a primeira, principal, é o vazio-neutro infinito, ilimitado, indefinido na realidade de sua natureza, denominado de "Universo Causal"; e o segundo é o local sutil onde a substância etérica foi potencializada por Deus-Pai a fim de produzir o fenômeno da criação dos mundos, denominado "Universo Astral", que é finito, limitado e definido na realidade da natureza, que está sobreposto ao universo conhecido, o universo físico.

5º Postulado: Diz respeito ao Karma-Causal.
Cremos na existência de uma via de Ascensão Original, isto é, a primeira via de evolução dos Espíritos realizado dentro do Espaço Cósmico, própria do Karma-Causal. Essa via de evolução é infinita. Como Karma-Causal admitimos ser a Lei básica, fundamental, estabelecida pelo Poder Supremo a fim de regular e educar os estados consciencionais dos Seres Espirituais, em relação direta com o uso do livre-arbítrio.

6º Postulado: Diz respeito à origem do sexo dos Espíritos.
Cremos que a origem do sexo está na própria natureza vibratória dos Seres Espirituais e correspondem às afinidades virginais de cada espírito. Essas afinidades imprimem sobre a substância etérica os atributos que definem e caracterizam aquilo que é o Eterno Masculino e aquilo que é o Eterno Feminino.
Assim, cremos ser enganosa a hipótese de reencarnações de espíritos ora como homem, ora como mulher, pois a questão do sexo está definida desde a origem no espírito no Universo astral.

Entretanto, consideramos possível a reencarnação em sexo diferente da natureza vibratória inicial, tão somente os casos excepcionais provocados por desvios morais ou psíquicos, os quais serão reintegrados a vibração afim no decorrer da evolução espiritual.

7º Postulado: Diz respeito a Evolução do Espírito.
Cremos que a evolução dos seres espirituais pela via da reencarnação se dá de três formas distintas:
a. Espontânea – quando os seres espirituais têm "passe livre", sujeitos apenas ao critério da vagas, dentro de certa seleção de fatores morais. Nesta condição encontram-se a maioria dos espíritos encarnados;
b. Disciplinar – nessa condição situam-se aqueles seres altamente endividados, conscientes e repetentes das mesmas infrações. Como não têm "passe livre" para reencarnarem, enquadram-se no âmbito de uma coordenação disciplinar especial. Tanto que muitos não querem aceitar essa disciplina, rebelando-se e utilizando-se de ardis para não reencarnar na forma humana da condição de reajustamento;
c. Sacrificial – podemos classificar nessa situação a minoria dos seres espirituais, pois já evoluíram, estão isentos de provação individual pela via humana (isto é, livre das reencarnações). Identificamos esses espíritos como missionários que executam duras tarefas, escolhidas livremente, dentro da tônica fraternal elevada que lhes é própria. Obedece tão somente a linha de amor e caridade ao próximo.

8º Postulado:Diz respeito ao porquê de estarmos aqui.
Temos a obrigação de sermos felizes, não temendo, e sim amando a Deus e a todos os demais, que participam, direta ou indiretamente, de nossa jornada.

domingo, 30 de novembro de 2014

UMBANDA QUEM ÉS?




Umbanda, Quem És?



Oh! Senhora do Karmana... Eis-me aqui, pobre "eu" que geme na penumbra da forma e exausto, se arrastando chega ao pé da Tua Porta... abafa esse grito ansiado que vibra dentro de minha alma. Ele afere como se instrumentos invisíveis tivessem estacionado seus "NÚMEROS musicais de SONS COLORIDOS", num lamentoso DÓ... e escuta então.

Contas venho prestar; de YOXANAN, ordens cumpridas, dei; em ALERTAS, sua Voz lancei...; de ADVERTÊNCIA seus conselhos espalhei; de CÓLERA, seu "brado" vibrei, e somente o "eco" de um silêncio tumular foi à resposta que senti de "tuas almas" chegar.

Agora, genuflexo ao pó do "plano terra", torno a implorar; Oh! Senhora da Banda, sopra chamas de Luz em teus diletos filhos, pois parece, continuam na silenciosa expectativa do ser ou não ser, do duvidar ou crer, dize por que hei de ver tua Lei na interpretação obscurecida de umas "tantas quantidades", como se de papiros poluídos fossem os fundamentos teus...

Serás, por acaso, essa cigana corriqueira, enfeitada de colares de louça e vidro, que, em requebrados lascivos, danças e cantas, despertando o atavismo, essa herança discutível, e estendes as mãos onde as castanholas se chocam, mostrando no multicolor das “gangas’, paisagens convidativas, que envolvem aconchegos e conchavos”?

Seria talvez, essa dama coberta de seda e veludo, que habita nesses templos brilhantes de mármores furta-cores, onde se espalha a Vaidade de seus "donos", ou serás esse Vestal, de roupagens brancas, que no balouças das cortinas, deixa apenas aos míseros mortais, entrever um mundo de sonhos orientais, não se podendo distinguir que espécie de Umbanda és?

Serás ainda essa umbanda que alguns plantaram e outros querem semear, cujas raízes foram transformadas em galhos de Lendas e folhas de Mitologias, gerando frutos exóticos, cujo sabor esta em relação com a guia que "cada um tem" de ser seu único e exclusivo possuidor?

E será. Oh! Porque será que teus Orixás estão em tão prolongado silêncio?

Será que por "verem" tantos e tantos aparelhos se construírem em veículos próprios e, em conseqüência, "dispensarem os serviços" desses mesmos guias e protetores, passando a fazer de tuas mais simples verdades, um fascinante baralho de "mirongas", procurando impingir a Gregos e Troianos, o A, B, C, que eles ainda não sabem nem por onde começar?

E assim, como sempre, na inspiração de algo que esta em mim e NÃO é meu, a YOXANAN clame: Mestre meu e de mais seis, mas que "fixado" em mim és como tu mesmo o disseste: TRADUZ, Senhor, essas vozes constantes que agora ouço...

Ele então, na transconfiguração impressionante de sua LUZ ofuscante, VEICULOU:

EU SOU A SENHORA DA LUZ VELADA, essa UMBANDA DE TODOS NÓS, Mãe Geradora de Todas as Ciências, pois que SOU a própria MAGIA, "veículo básico" do SUPREMO ILUMINADO... É por mim que SEUS "pensamentos-ordens" fazem as vibrações se conjugarem, da Unidade à Totalidade,do Marco Inicial ao Ponto Final da Única Verdade, RELIGANDO todas as místicas a uma só causa - original...

Eu ONTEM fui Aquela que conheci a tudo e a todos e SOU essa que desperta em toda alma, a concepção da EXIST&ENCIA DÊLE; em RAMA firmei seu VERBO REVELADOR, e DAÍ "meu manto ser sempre visto de várias formas”; no entanto, EU SOU O PRÓPRIO MANTO DO CRIADOR...

...mas, HOJE eu sou ONTEM e minha "IDADE" é revelada por uns "quantos na forma” e por outros "tantos no espaço", ORIXÁS que são em cima ou embaixo.

E ainda vos digo: minhas manifestações são “ordenadas por UM", dirigidas por VÁRIOS e executadas por MUITOS, pois que tudo "é movimento de SUA VONTADE”, antes mesmo que ELE dessa "vida-ativa" aos INCRIADOS espíritos. CRIANDO-LHES "almas de Si", pelo sopro do Livre Arbítrio, desde quando começaram a GERAR SEUS PRÓPRIOS KARMAS... e assim velando, de YOXANAN, "ISSO" escutei e por quanto tempo ainda?

...isso eu não sei...